Por Felipe Lima
Morri na última quinta-feira.
Eu que já nasci morta porque não era azul nem rosa. Os obituários do meio-dia
comentaram bem por alto. Enquanto me perguntava qual foto minha iriam colocar
na TV, observei meu sangue mudando-se para outras veias: as rachaduras de uma
calçada, no meio de uma praça qualquer. Ao redor, as estátuas de figuras
importantes me assistiram, paradas, assim como as outras estátuas – as de carne
e osso.