Por Marco Galindo
Sobre o comercial do dia dos
namorados do Boticário: vi uma galera pontuando o fato de que os casais
representados eram todos heteronormativos e classe média alta. Eu endosso a
crítica, acho que isso tem que ser problematizado sim. Mas se a gente parar e pensar,
antes de existir um padrão heternormativo para gays, existe um paradigma ainda
maior de heterossexualidade compulsória para todos, e isso é algo que essa
campanha busca quebrar - e com certo sucesso, visto que está incomodando as estruturas que devem ser incomodadas, como
certos fundamentalistas religiosos.
O Boticário não criou essa ação
publicitária a fim de ser uma defesa genuína dos direitos humanos, e sim porque
eles enxergam no discurso gay friendly uma forma de agregar valor aos seus
produtos, da mesma forma que a Globo o fez quando exibiu o beijo gay. No
entanto é ilógico dizer que a campanha não produz um efeito positivo ao tentar
naturalizar uma relação tão estigmatizada quanto a que existe entre duas
pessoas do mesmo sexo. Comerciais são feitos pra vender não só produtos, mas
ideias, e a ideia de que um casal homossexual é tão digno de respeito quanto um
heterossexual é algo que todos nós concordamos, certo?