Por Daiane Lima
Na
última terça-feira, o astrólogo auto-intitulado filósofo e jornalista Olavo de
Carvalho publicou a seguinte pérola em seu facebook: “Se o deputado Jair Bolsonaro não quer processar o cuspidor fujão para
cassar-lhe o mandato, ele está no seu direito. Mas, como virtual candidato à
presidência, ele não tem o direito de expor-se à possibilidade de contrair
doença grave. Ele tem a obrigação de requerer à Justiça que force o deputado
Jean Wyllys a submeter-se a exame para verificar se sua saliva não transmite o
vírus da Aids.”
O
“intelectual” se referia ao episódio ocorrido no domingo, na Câmara dos
Deputados, quando o deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ) após dar o seu voto
contrário ao impeachment, cuspiu no deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ). Segundo
Jean Wyllys, motivado por palavras homofóbicas como “veado” e “boiola”
proferidas pelo deputado do PSC no momento da votação.
Numa demonstração de preconceito e ignorância, Olavo de Carvalho insinua em sua publicação que todo gay (incluindo o deputado Jean Wyllys) tem/teria o vírus da Aids e que poderia transmiti-lo pela saliva. O que é um absurdo gigantesco. Além de desconhecer as formas de contágio do vírus, Olavo promove uma discriminação tamanha que reduz homossexuais às únicas pessoas portadoras do HIV quando, na verdade, heterossexuais também correm o mesmo risco.
De
acordo com o Boletim Epidemiológico HIV/AIDS do Governo Federal, os casos de
infecção pelo HIV registrados de 2007 a 2015 em indivíduos maiores de 13 anos
de idade são: entre os homens, 45,6% tiveram exposição homossexual, 39,4%
heterossexual e 10,1% bissexual; entre as mulheres, 96,4% dos casos se inserem
na categoria de exposição heterossexual. Ou seja, todos estão suscetíveis à
doença e, além disso, o grupo mais vulnerável é o de mulheres heterossexuais.
A
associação da homossexualidade à AIDS é uma coisa perigosa. É uma ideia
estigmatizada, que foi combatida desde o início da epidemia da doença e até
hoje tenta ser desconstruída. Uma atitude como esta inferioriza, diminui, julga.
É uma forma de rotular. Assim como palavras pejorativas direcionadas à
população gay, que ferem, desnudam, destroem. É preciso mais informação, mais respeito,
mais tolerância, menos preconceito e mais amor.
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