Nome social é o nome pelo qual
o indivíduo prefere ser chamado, independente da sua identidade de gênero. Os
travestis e transexuais são as pessoas que mais utilizam o nome social. Vários
órgãos governamentais já adotam essa prática e agora o nome social está sendo
adotado pelo conselho tutelar do Distrito Federal. A matéria divulgada pelo
site EBC no dia 28 de Janeiro de 2015 mostra os avanços alcançados no meio
social em torno do uso do nome social. (Yasmim Pessoa)
Nome social passa a ser adotado nos conselhos tutelares do Distrito Federal
Por Mariana Tokarnia
A Secretaria de
Políticas para Crianças, Adolescentes e Juventude do Distrito Federal publicou
no dia 28 deste mesmo ano a portaria que determina a inclusão do nome social de
travestis e transexuais em fichas de cadastro, prontuários e documentos
semelhantes. Com isso, tanto os funcionários da secretaria quanto aqueles que
são atendidos por ela poderão usar o nome social. A medida valerá também para
os conselhos tutelares.
A portaria, que já
está em vigor, estabelece que unidades da secretaria terão prazo de 90 dias
para fazer as devidas adequações. "Estamos acompanhando o que já foi
adotado por outras secretarias por entender a importância dessa medida, que vem
valorizar o que a Constituição garante há muito tempo, que não há distinção
entre os indivíduos", diz a secretária da pasta, Jane Klebia.
Na prática, todos
os funcionários e público atendido pelas políticas da pasta - população até 29
anos - serão beneficiados. Todos os formulários terão o campo do nome social.
No verso haverá espaço para o nome de registro, mas o nome adotado no
atendimento será o social. No caso dos funcionários, o nome social será usado
no correio eletrônico, crachá, comunicações internas, lista de ramais e nome de
usuário em sistemas de informática.
Segundo a
secretária, a pasta vai acompanhar a implementação da nova norma, a fim de que
as pessoas trans
não tenham apenas os formulários preenchidos adequadamente, mas sejam tratadas
de forma adequada.
Para a pesquisadora
da Anis: Instituto de Bioética, Direitos Humanos e Gênero, Gabriela Rondon,
"a medida é importante porque o nome é um dos fatores mais graves de
desconforto e de preconceito que as pessoas trans
sofrem, especialmente crianças e adolescentes, que têm acesso mais difícil à
alteração judicial". Para os jovens em situação de risco, de
vulnerabilidade, que são atendidos pelos conselhos tutelares, o tratamento
adequado em relação ao gênero é fundamental, de acordo com a pesquisadora.
Gabriela pesquisa
as respostas judicias a pedidos de reconhecimento de identidade de gênero e
registro público. Segundo ela, até mesmo judicialmente há uma deficiência na
questão. "Não tem uma jurisprudência muito consolidada", diz. No
Executivo, portarias como essa da secretaria estão ganhando espaço no Brasil,
segundo a pesquisadora. No próprio governo do Distrito Federal, essa já é uma
prática nas secretarias de Educação e Justiça.
No âmbito nacional,
o Sistema Único de Saúde (SUS) adota o nome social. No ano passado, a adoção
também foi feita pelo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
A integrante do
coletivo Cia. Revolucionária Triângulo Rosa Tatiana Lionço comemora a medida.
"A garantia do nome social muda radicalmente as relações da pessoa trans em todos os
ambientes", diz. Segundo ela, a medida pode garantir a permanência dessas
pessoas em todo tipo de instituição, desde os hospitais a escolas e atendimento
em conselhos tutelares.
Com a norma, é
preciso batalhar para que a conduta dos funcionários que fazem atendimento seja
de acordo. "O processo de implementação tem sido gradual [em setores que
já adotam o nome social]. É importante batalhar pela implementação da medida e
divulgar para que as pessoas tomem conhecimento e cumpram a norma", diz
Tatiana.
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