segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Quebra-cabeça brasileiro

Descrição para cegos: a imagem em preto e branco representa uma parede de tijolos aparentes.


Por Cephas Castro

Às vezes pareço aquela peça do quebra-cabeça que a gente demora a encaixar.
No jogo da vida eu vim numa família e ao meu redor peças foram sendo milimetricamente dispostas. Mudá-las de posição seria então abrir a caixa de pandora e a vida fazer revirar. Resolvi que as peças não deveriam ali ficar. Não por escolha ou por simplesmente questionar. Era isso ou aos meus instintos negar.
De início pensei ser simples fazê-los pensar, mas dificuldades comecei a encontrar. Povo mais diverso que o brasileiro jamais consegui avistar. Cores, formas, diferentes nações em uma e a falsa sensação de uma família habitar.
O hino é cantado a plenos pulmões e o sentimento de pertencer à nação é invocado apenas em grandes comemorações. Nessas horas somos homens, mulheres, irmãos e amigos. As luzes se apagam, o espetáculo se encerra e lá vamos nós regressar. Voltamos e somos bichos de pior instinto. Supostamente racionais espancamos nossos filhos, sobrinhos e julgamos nossos amigos.
O filho do vizinho é gay, o da porta de casa para dentro não passa de um viadinho.
O que se ouve do Ipiranga as margens plácidas são apenas gritos num eco vazio. O que brada nas ruas são os pedidos de socorro de uma travesti que sendo espancada está. O povo heroico se nega a uma comunidade ajudar e por igualdade lutar.
O sol da liberdade tem seus raios dissipados para com uma comunidade que há muito tenta novos caminhos alçar.
Gigante pela própria natureza, aqui o difícil é se fazer pelo bem notar.
Dentre outras mil és tu Brasil, ó pátria amada, então não desiste de nós e permite que ao meu pai, irmãos e amigos eu possa abraçar sem no noticiário ter que estar.
Somos filhos deste solo e por respeito jamais pensei ter que lutar por num país supostamente livre morar.
As tuas amarras são bem visíveis, teus golpes (Fora Temer!) são certeiros e marcas hão de deixar.
Verde, azul e amarelo com marcas de sangue estão e não adianta lavar. O certo é não hastear.
Troca, recompõe e refaz tuas políticas para nos salvar.

Vai Brasil, um dia te vejo pelas pautas certas votar e por teus filhos lutar.

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