Por Cephas Castro
Acordei!
Levantei,
Me
banhei,
Escovei,
Me
enxuguei, me arrumei e café recebi. Aceitei.
Segui.
O
ônibus tomei, na faculdade cheguei ao trabalho marchei.
Com
o horário nem me importei. Do futuro não sei e aqui e ali não me encaixei.
Amizades
ganhei, perdi, me desfiz e me reinventei.
Baladas
aproveitei, viajei.
À
casa retornei e as rédeas da vida tomei e decidi......me assumir!
O
choro contive, do armário saí, meus medos – pais – enfrentei e um tapa levei.
Recebi.
Me
abracei e me aceitei.
Da
minha família e da sociedade o mesmo não obtive e resolvi: vou desistir.
Os
pulsos cortei, os remédios tomei e ao Pai supliquei: Me tira daqui?
Daí
desmaiei e as sirenes de longe eu ouvi.
Em
mim afoguei.
No
hospital cheguei, pontos tomei, psicólogos visitei e até na cura gay me
obrigaram a ir. Seria para rir? Não!
Chacotas
ouvi, apelidos recebi, à margem vivi.
O
que conquistei – pouco – agora perdi.
Eu
nasci gay – feliz – a tristeza neguei e me reergui.
Por
nós eu lutei, os grandes enfrentei, direitos não conquistei, perdi, mas não
desisti.
Uma
bandeira ergui e com suas cores me protegi.
Na
luta entrei, me politizei, afeto demonstrei e olhares recebi.
Gritos
ouvi, por um júri passei e daí decidi transgredir.
A
fronteira cruzei e me tornei o melhor para você e para mim.
Me
encontrei, não me adaptei e vivi.
Pois
eu sou bi, lésbica, trans, gay, mulher, travesti.
E
abre bem essa boca pois é chegada a hora e querendo ou não você vai ter que
engolir.
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