Descrição para cegos: Marina, em um ambiente marcado por tons de cinza e branco, apresenta um olhar de desconfiança. Foto: Reprodução. |
Marina
é representada como uma mulher forte, independente e generosa, mas, ao mesmo
tempo, desamparada e indefesa. São impiedosas as cenas em que a mesma não reage
às violências verbais sofridas pela ex-mulher e pelo filho de seu falecido
companheiro. Estes momentos de impotência não somente mostram a vulnerabilidade
da personagem, mas abrem margem para se pensar a situação em que muitas pessoas
trans estão inseridas na sociedade, sem apoio de amigos, da família e, em certas
ocasiões, à margem do aparato protetor do Estado.
A
feliz escolha de Daniela Vega para representar Marina Vidal fez toda a
diferença. A atriz não somente se mostra competente nas cenas de maior
densidade, mas também consegue se conectar perfeitamente com a narrativa e com
sua personagem. É como se a Marina que está sendo vista nas telas fosse uma
pessoa que existisse na nossa sociedade. E de fato existe. Quantas Marinas não
existem no mundo real? Quantas não são submetidas a situações humilhantes e
desumanas todos os dias?
Descrição para cegos: Marina, com roupas de festa, é
fotografada sob jogo de luzes azuis. Foto: Reprodução.
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Neste
sentido, o
diretor do filme atinge
outro mérito, ao escalar uma atriz trans para viver uma personagem trans.
Aliada à competência de Vega, este fator não somente aumenta a
representatividade no universo do cinema, bem como torna a obra muito mais
passível de identificação pelo público transexual.
Diante
do exposto, Uma Mulher Fantástica
adquire sua importância, não somente pela representatividade, que ganha ainda
mais força devido à escassa produção cinematográfica do tema, mas por tudo que
simboliza, reflete e retrata. Em toda sua delicadeza e crueldade, transmite com
êxito as desventuras e angústias de Marina, uma mulher que nem ao menos teve o
direito de viver o luto pela morte de seu namorado. Que a nossa sociedade esteja cada vez
mais preparada para aceitar, respeitar, celebrar e conviver com as muitas
Marinas, Dandaras, Laysas, Quellys e tantas outras mulheres fantásticas que
sim, existem, têm voz e direitos.
Veja aqui o trailer:
Uma Mulher Fantástica - Trailer
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Uma Mulher Fantástica - Trailer
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