domingo, 28 de abril de 2019

Resenha do filme Carol (2016), dirigido por Todd Haynes

Descrição para cegos: A esquerda vemos Therese, em atendimento na loja em que trabalha, usando um gorro vermelho. Do lado direito está Carol, que usa um casaco de pele e olha fixamente para Therese. Ao fundo é possível identificar clientes realizando compras de natal. Foto: Divulgação 

O longa-metragem Carol retrata um romance entre duas mulheres. Na trama Carol (Catherine Blanchett) é uma mulher rica de meia idade que está passando por um divórcio conturbado. Seu marido Harge (Kyle Chandler) teme que um romance homoafetivo abale seu prestígio social, um escândalo que denegriria sua reputação. Therese (Rooney Mara) é uma jovem que está em processo de autodescoberta, tanto de sua personalidade como da sua sexualidade. Ela anseia ter mais que uma vida mediana e tradicional, seu desejo é por liberdade. Ao se apaixonar por Carol, ela larga tudo a fim de vivenciar plenamente essa paixão.
Carol é um ótimo filme, e trata a temática LGBT de forma sensível e delicada, não apelando para estereótipos ou objetificação das personagens como outros filmes que abordam essa temática. A sexualidade de Carol e Therese é tratada de forma natural, assim como o desenvolvimento do romance. As atrizes realizam uma atuação louvável, rendendo a ambas indicações ao Oscar, com Catherine Blanchett indicada na categoria de melhor atriz e Rooney Mara, como melhor atriz coadjuvante.
Em paralelo à evolução do romance, há uma evolução pessoal de Therese.  Ela se descobre uma mulher decidida e confiante, não se prendendo aos padrões impostos pela época, isso ocorre de forma linear, muito bem construído no enredo.
Descrição para cegos: Na imagem vemos Carol em pé olhando para baixo. a sua frente está Therese sentada com uma expressão de tristeza.  Foto: Divulgação.
A sensibilidade do diretor ao conduzir a trama e a relação das personagens cativa e seduz a todos que se dispõem a apreciar a obra. Quando estão em público é necessário se resguardarem quanto á demonstrações de afeto, mesmo assim é perceptível o sentimento existente entre as personagens. É palpável o desejo no olhar de Carol quando encara Therese. Do mesmo modo a forma singela como Therese fotografa Carol torna perceptível o prazer que ela sente ao estar junto de sua amada. Pequenas coisas que enternecem e cativam e passam a intensidade da relação entre as duas.
Uma obra como essa é preciosa, tendo-se em vista que representações cinematográficas exercem influência na construção de conceitos e perspectivas da sociedade.
No fim, o filme consegue cumprir seu papel de modo brilhante, mostrando uma nova abordagem sobre uma temática lésbica. De forma sensível e ao mesmo tempo intensa, mostra as dificuldades enfrentadas por muitos casais homoafetivos que eram e ainda permanecem, em muitos casos, privados de sua liberdade afetiva por conta de concepções equivocadas que permeiam toda sociedade. 

Por: Joyci Medeiros

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