quarta-feira, 22 de junho de 2016

A Garota Dinamarquesa representa luta transexual

Descrição para cegos:  Lili Elbe sentada em um sofá, com um livro nas mão, ao lado de seu cachorro.

Por Cy Baptista

O filme A Garota Dinamarquesa (The Danish Girl) retrata a história real do pintor Einar Wegener, casado com a pintora Gerda Wegener. Eles viveram em Copenhagem, durante a década de 1920. A obra foi lançada no Brasil este ano e está baseado no livro de David Ebershoff. O filme foi dirigido por Tom Hooper, diretor dos renomados filmes O Discurso do Rei e Os Miseráveis.
Einar é interpretado pelo ator inglês Eddie Redmayne, que também deu vida a Lili Elbe, persona feminina de Einar. Lili é a primeira mulher transexual a se submeter às intervenções cirúrgicas. Quem interpretou Gerda foi Alicia Vikander, atriz sueca. Ambos receberam elogios da crítica pela sutileza dos personagens.
As obras de Einar Wegener representavam as paisagens da Dinamarca, com as recordações da infância. Por outro lado, Gerda Wegener pintava retratos. Sua arte passou a receber destaque no momento em que ela começou a pintar as mulheres em situações mais ousadas. Certa vez, uma das modelos faltou, Gerda pediu para Einar ser seu modelo, posando com sapatos e meias femininas. Aquilo era como uma brincadeira entre o casal. O que ambos não podiam imaginar é que existia uma mulher adormecida dentro de Einar. Lili Elbe sempre esteve lá e fora reprimida.

As roupas e os acessórios femininos contribuíram no processo de descoberta e transformação de Lili Elbe. Aos poucos, a imagem de Einar ficava cada vez mais distante. Lili, por sua vez, permanecia decidida e disposta a ficar. Preocupada com o marido, Gerda buscou ajuda profissional. No filme, a transformação de Lili é vista pelos médicos como uma doença. Alguns procedimentos causaram dor e sofrimento à Lili. Ela esteve sujeita tanto a violência física, quanto a violência emocional.
A luta de Lili foi solitária, apesar da presença de Gerda. A aceitação e descoberta da persona feminina estiveram ligadas as dúvidas e aos dramas pessoais. Nessa busca, ela não teve nenhum modelo de referência. Nenhuma pessoa que pudesse servir de inspiração durante o processo. O desejo de deixar fluir essa mulher batia de frente com o medo da reação das pessoas. Mas a vontade de realizar a intervenção cirúrgica era mais forte. A mudança de gênero era vista como uma necessidade.
O filme mostra que Lili Elbe se submeteu a muitos perigos para ser ela mesma. A autoaceitação e as questões da transexualidade possibilitam a reflexão sobre os preconceitos ainda presentes na nossa sociedade.

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