Descrição para cegos: foto mostra mãos entrelaçadas de duas mulheres. Parte dos corpos de cada uma aparece na lateral da imagem. Uma veste calça jeans e a outra, saia e blusa. |
Por Laianna Janu
Sim! Eu sou sapatão. Fui apontada semana passada por um cara na rua como uma sapatão porque havia revidado um dele. O elogio era um assédio, mas o sapatão - utilizado como xingamento - é sim meu termo de autoafirmação.
Mas de onde saiu essa ideia que ser sapatão é uma coisa ruim? Estou cansada de ouvir que nós não somos mulheres de verdade, que não queremos ser mães. Quem que inventou todas essas mentiras absurdas? Várias perguntas como essa sempre assolam a minha cabeça.
Senti minha primeira atração por uma menina aos doze anos. Mas como iria falar para meus pais se só escutava, frequentemente, insultos a uma familiar que tinha tido um caso com uma mulher há anos? Como me abrir se só ouvia: "Tudo bem você ser amiga, mas você ser... É demais"? Como poder contar se, quando questionada pela minha mãe sobre minha sexualidade, escutei aos gritos que se ser lésbica fosse minha felicidade teria que esperar ela morrer para poder ser feliz?