Por: Matheus Cirne
Ainda que quisesse, ainda que pudesse,
não sei se seria capaz de perdoar. Dizem que perdoar é necessário, mesmo que
você não se esqueça. O perdão torna o ser humano mais leve, feliz.
Mas, como eu poderia perdoar? Como
perdoar aqueles que um dia tiraram minha vontade de viver e sufocaram minha
felicidade pelo simples fato de eu ter tido a coragem de ser quem eu sou?
Não, eu não sei se quero, nem se
consigo. O que para os meus algozes foi uma simples brincadeira, para mim foi o
meu calvário, um ataúde preenchido pela dor que tive que carregar todos os dias
por aqueles corredores.
Um peso tão grande do qual eu não
estava preparado e nem tinha o direito de suportar. Ainda que aguentasse,
que lutasse e dissesse para mim que eu era mais forte que aquilo, as palavras
ditas se marcaram em meu coração, os risos e as gargalhadas de desdém ficaram
gravadas em meus ouvidos. Será que alguém conseguiria suportar isto? Me
pergunto.
As vozes ainda ecoam. “Bixa”,
“viadinho”, “não queremos que você aqui, perto de nós”. Eu ainda lembro.
Eles dizem que o tempo cura tudo, mas
eu ainda sigo esperando.
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