Reprodução: Casal sem vergonha |
Levi Fidelix,
político que concorreu ao cargo de presidente do Brasil, fez declarações
ofensivas as pessoas de orientação LGBT. O estudante de publicidade Daniel
Oliveira escreveu uma carta de indignação, demonstrando repúdio às palavras do
candidato. Carta aberta divulgada pelo site Casal sem vergonha no dia 29 de
setembro de 2014. (Aderlon Amorim)
Carta aberta ao Levy Fidelix
Por Daniel Oliveira
Caro Senhor Levy Fidelix,
Eu poderia fazer uma crônica ou artigo enorme
apontando os erros da tua fala, mas já fizeram isso por mim. Eu poderia
despontar em argumentos teológicos ou sociológicos, mas também já fizeram isso
por mim.
Então venho falar sobre a raiva com que o
senhor declama suas palavras contra o povo gay. Defende a família e se diz homem
direito, mas aposto que acha que o lugar de mulher é na cozinha e na cama como
procriadora. Aposto que tu olhas para um negro na rua e já associa à marginalidade. Senhor candidato, você é o
pior clichê existente no mundo de hoje: o clichê da escória humana.
É o tipo de gente que baseia os preconceitos
em argumentos rasos, na bíblia ou na história, na intolerância com a fala de
que “esse tipo tem que ficar bem longe da gente”. Candidato, por que tanta
raiva? E o amor? O preceito de formação de uma família é o amor, não os laços
de sangue.
É com esse amor que casais gays adotam
crianças abandonadas por heterossexuais, afinal de contas, eles não fazem
filhos, não é? Mas amam e cuidam dos filhos daqueles que são perfeitos para a
sociedade diante dos teus olhos. Isso sem contar milhares de outros exemplos de
dignidade, respeito, inteligência, ética e amor ao próximo.
Candidato, o país que quero para os meus
filhos é um país onde gente da tua laia seja um pouco mais humana e
inteligente. Que pensem melhor e abram os olhos para o que dizem, para o que
pregam e vivam suas vidas sem destilar ódio por aí. Uma família não é feita de
ódio, muito menos Deus, candidato. Se o teu Deus prega o ódio, aviso logo que
faltou ler bastante tua bíblia, seja ela qual for.
E espero que meus filhos vivam num mundo em
que ser livre não é crime. Que possam escolher ser e amar quem quiserem e que
não vivam com medo por isso. Que possam sair de mãos dadas e viver o amor de
suas vidas sem medo de morrer na rua ou de ter estranhos xingando e agredindo
fisicamente suas vidas. Que aprendam a respeitar o outro, como eu respeito o
senhor e sua formação limitada. O senhor não precisa ter medo, candidato,
ninguém quer torná-lo gay ou quer acabar com sua família. Só querem poder ter
uma também, afinal o que não falta é amor. Pelo contrário, amor transborda.
Espero que ainda haja amor para recomeçar. E que esse seja sempre o único
conceito que importa.
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